Se fosse no passado padre diz que, teriam incendiado rádio que denunciou escândalo sexual dele

Agência O Globo

O escândalo sexual envolvendo um padre que teria mantido relações sexuais com o noivo de uma fiel balança as estruturas da Igreja no Rio Grande do Norte e tem mobilizado fiéis e religiosos. Irritado com as notícias, que foram divulgadas primeiramente por uma rádio local, o padre Antônio Murilo de Paiva, da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no

município de Parnamirim, reagiu de forma agressiva durante celebração de missa, neste domingo (5), ao dizer que “em outros tempos”, o jornalista Gustavo Negreiros, responsável pelo furo de reportagem, “teria uma arma apontada para a cabeça” e “comeria o jornal”. O padre disse ainda que já teriam colocado “fogo” na rádio.

“Se fosse em outro tempo, do Frei Damião, ele já teria organizado o povo para tocar fogo naquela rádio que fala mal dos padres. Você sabe que padres tinham exércitos. Era comum andarem com o 38 “de banda”. Eu vi isso várias vezes”, afirmou Murilo. Frei Damião foi um padre italiano radicado no Brasil, tendo fincado seu sacerdócio em Pernambuco e ficou conhecido por suas ações de caridade e por um grave problema na coluna que o fazia caminhar curvado. Por muitos nordestinos, é considerado santo e encontra-se em processo de beatificação e canonização desde 31 de maio de 2003.

Na semana passada, o padre Julio Cezar Souza Cavalcante foi afastado da Igreja Nossa Senhora da Candelária, em Natal, após vir à tona áudio em que ele teria admitido um caso amoroso com um noivo de casamento celebrado por ele. A gravação, que só foi divulgada agora, teria sido feita em 2019 pela mulher do homem que se relacionou com o sacerdote.

O jornal O Globo procurou Murilo de Paiva, que disse que fez apenas uma “contextualização histórica” sobre como os padres agiam antigamente. Segundo ele, em nenhum momento foi emitido juízo de valor sobre o uso de armas ser correto ou não, e afirmou, em seguida, que é contra o porte de armamentos. Murilo disse também que o jornalista teria tirado um trecho de sua fala e usado de forma tendenciosa para gerar engajamento.

Ao ser questionado sobre o comentário a respeito do padre Júlio Cezar durante a homilia, Murilo disse que não defendeu o ato sexual, mas sim o fato de “padres nunca serem defendidos pela sociedade”. Em palavras do sacerdote, o colega não teria cometido crime, apenas um pecado. Ao ter se arrependido e se confessado, ele estaria automaticamente perdoado por Deus para seguir em comunhão com a igreja e os fiéis.

— Não ameacei e nem mandei atear fogo em nada, eu apenas contextualizei historicamente as coisas. Hoje estamos em outro tempo, só que é preciso reagir porque estamos (os padres) sendo ameaçados, ninguém defende os padres. Nós que dedicamos 24 horas ao povo ficamos à mercê das difamações. Outro ponto é que em momento algum eu disse que o padre em questão estava correto, mas ele reconheceu o pecado e foi se confessar. Também pediu que a outra pessoa fosse se confessar com outro padre. Não houve adultério, porque na ocasião eles não estavam casados. Mas, a partir do momento que ele se arrepende de coração e pede perdão, ele é absolvido do pecado e está apto à comunhão. O padre está sendo penalizado por um crime que não cometeu — disse Murilo, acrescentando que é contra a homofobia e a favor da divulgação de casos de violência sexual que envolvam sacerdotes.

Já o jornalista Gustavo Negreiros disse que registrará um Boletim de Ocorrência contra o sacerdote, que, segundo ele, agiu em tom de ameaça.

Entenda o caso

O triângulo amoroso que ganhou o noticiário do estado aconteceu em 2012. Sete anos depois, a mulher do rapaz decidiu pedir esclarecimentos ao padre sobre o caso e gravou um áudio em que Júlio Cezar confessa ter mantido relações sexuais com o marido dela “duas ou três vezes”. Em todas as ocasiões, Breno dormia na casa do padre, onde trocavam carícias. Segundo Júlio, as relações aconteceram antes do casamento do casal e, após isso, ele teria se “confessado e se convertido”, em suas palavras.

O padre atribui o fato “a uma fraqueza” e acrescenta que ele e o então noivo se arrependeram. “Nós confessamos e prometemos que não teria mais”, afirma o padre na gravação. A mulher chega a insinuar que teria havido investidas do pároco mesmo depois do casamento, mas ele negou. “Abraço eu dou em todo mundo”, respondeu. O noivo, de acordo com a mulher, teria relatado mais de 20 encontros com Júlio Cezar entre 2010 e 2012, período em que ainda eram namorados.

A mulher acusa o padre de ser de ser um dos muitos casos mantidos pelo marido: “você, como um sacerdote, mantém relação sexual com um teoricamente fiel, sabendo que ele está noivo, prestes a casar, você quer que eu ache uma palavra mais amena que orgia? O senhor só não foi um dos escolhidos”, provoca ela, falando sobre outros relacionamentos extraconjugais do marido.

A Arquidiocese de Natal, além do afastamento do padre Júlio Cezar, determinou a abertura de uma investigação para averiguar as possíveis responsabilidades no caso. O religioso ficará afastado do cargo até o fim do processo interno e da checagem da veracidade dos áudios. O casal ainda frequentaria a paróquia do padre. “Rogamos ao bom Deus que tudo seja esclarecido e, para o bem do povo de Deus, possa reinar a paz nos corações”, diz a nota do arcebispo Jaime Vieira da Rocha, que após completar 75 anos começou a preparar uma carta de renúncia endereçada ao Papa Francisco para deixar o posto que ocupou por 10 anos. A intenção dele é permanecer como arcebispo emérito. Júlio Cezar, muito popular na capital, onde realizou inúmeros casamentos e batizados, seria um dos cotados para substituí-lo à frente da Arquidiocese.

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