A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga a dinâmica e a possível motivação por trás da morte de quatro pessoas de uma mesma família. Os corpos foram encontrados no início da noite de ontem, em Planaltina (DF). Uma das hipóteses em apuração é de que o terceiro sargento da Polícia
Militar Nilson Cosme Batista dos Santos, 48 anos, tenha assassinado a mulher — identificada apenas como Lourdes — e os dois filhos, Isaac Furtado dos Santos, 21, e Lucas Furtado dos Santos, 16. Na sequência, o pai teria tirado a própria vida.
A barbárie teria ocorrido por volta das 18h, na Avenida Maranhão, no Setor Tradicional de Planaltina, perto do antigo cemitério da cidade. Vizinhos da família acionaram o Corpo de Bombeiros e a polícia depois de ouvirem disparos de arma de fogo e verem fumaça sair da casa onde os quatro moravam.
Quando chegaram ao endereço, os bombeiros perceberam que as chamas haviam consumido um dos quartos da residência, onde encontraram muita fumaça e pontos ainda aquecidos. Parte da equipe ficou encarregada de combater as chamas, enquanto a outra buscava por vítimas. “Nesse momento, os militares (…), infelizmente, encontraram, dentro do imóvel, quatro pessoas. Todas sem vida, sendo que três eram do sexo masculino e uma, do sexo feminino”, informou a corporação, em nota.
Só um quarto foi atingido pelas chamas, segundo os bombeiros. Nesse recinto, os militares acharam uma cômoda, uma tevê, duas camas e um guarda-roupa queimados. Lourdes, que não teve foto, sobrenome ou idade divulgados, foi encontrada caída perto dos filhos, na garagem de casa. O local onde estava o corpo do sargento — que trabalhava no 14º Batalhão de Polícia Militar de Planaltina — não foi divulgado.
Discrição
Amiga de Lourdes, a autônoma Lucileide Maria Lucas, 33, conversou com ela na última terça-feira. Em mensagens trocadas pelo WhatsApp, a vítima contou que havia testado positivo para covid-19, assim como os dois filhos. “Lu, eu estou ruim. Aqui, está todo mundo com covid. Não consigo fazer nada. Só estou deitada. O Nilson ainda vai fazer o teste”, detalhou Lourdes, em mensagem de voz.
Lucileide costumava vender cosméticos frequentemente na casa de Lourdes. Nas vezes em que visitou a amiga, não percebeu “nada de errado”. “A família era muito tranquila e saía pouco para a rua. Os meninos só sabiam estudar. Nunca vi ou ouvi uma discussão entre eles, muito menos em relação ao casal”, disse ao Correio.
Um vizinho da família, que pediu para não ter o nome publicado, relatou que todos eram “discretos”. “Ele (Nilson) era uma pessoa muito tranquila. Ontem mesmo, estava de serviço”, afirmou. Os policiais da corporação que acompanharam a ocorrência lamentaram a situação: “(É uma) tragédia de partir o coração. (Ele) era um homem de conduta correta, sem nenhum processo ou sindicância”, contou um PM, que também não quis ter o nome divulgado.
Barbárie interrompeu sonhos com a universidade
Isaac Furtado dos Santos, 21 anos, filho mais velho de Nilson e Lourdes, foi aprovado recentemente no vestibular da Universidade de Brasília (UnB) para o curso de engenharia química. No entanto, os planos do jovem tiveram fim precocemente, na noite de ontem. Inconformado com a perda do amigo de infância, o estudante João Victor Gonçalves, 20, contou ao Correio que o calouro era um jovem aplicado, que se dedicava apenas aos livros.
Abalado diante da barbárie, João Victor esteve na porta da casa da família e não conseguiu conter as lágrimas. “A única coisa que ele fazia na vida era estudar. Não saía de casa. Só focava nos estudos. Não consigo aceitar esse fim. (Ele) nunca foi de farrear”, disse o amigo.
Lucas Furtado dos Santos, 16, o caçula, queria seguir os passos do primogênito, segundo o estudante Gabriel Vitor, 16. “Ele estudava todos os dias. Queria passar no vestibular e cursar engenharia química, o mesmo que o irmão. Era muito alegre e jogava bola com a gente. Estudamos até o 9º ano juntos. Depois, ele começou a ir para a escola de manhã, e eu, à tarde. Era um menino que não arrumava confusão com ninguém”, contou o amigo do mais novo.
Entre outros colegas, não faltaram palavras para descrever o comportamento do adolescente, descrito como uma pessoa alegre, que gostava de assistir a animes e de conversar com os conhecidos da vizinhança. O estudante Antônio Carlos, 16, definiu Lucas como um jovem sorridente. “Ele era um garoto ótimo, não tenho do que reclamar. Estudioso, dedicado, corretíssimo. Os amigos podiam contar com ele sempre. Era um garoto que tirava meu sorriso toda vez. Não tenho muito o que falar neste momento, mas é isso”, lamentou.
Fonte Correio Braziliense
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