Poderão entrar em greve caminhoneiros goianos após reunião em assembleia

Na próxima semana, parte dos quase 700 mil caminhoneiros autônomos brasileiros que atuam em Goiás se reunirão em uma assembleia nacional que debaterá uma paralisação da categoria. Se for aprovada, a greve será a segunda em menos de cinco anos. Na mais recente, em 2018 os efeitos na economia durante dez dias sem o transporte causou desabastecimento de alimentos em todo o País e alta nos preços.

Segundo o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas (Sinditac), Vantuir José Rodrigues, a situação está insustentável. O martelo será batido em 11 de junho, em Guarulhos, no interior paulista, durante o 6º Encontro Nacional dos Caminhoneiros. Ele alerta que o risco de escassez de diesel, o combustível que movimenta a frota de caminhões, já é uma realidade em algumas localidades e pode comprometer os preparativos para a plantação de nova safra no estado.

“O diesel está faltando em vários lugares. Nessa época do ano gasta muito por causa da preparação de terra para fazer plantio e agora com o PPI [Preço de Paridade Internacional da Petrobras] fica pior. O caminhoneiro goiano ainda não tem nada definido em relação à paralisação. Reunindo em São Paulo, nós tomaremos uma diretriz sobre o que será feito em  relação ao trabalhador de transporte autônomo. É notório que vai faltar diesel com essa política de preço: a gente exporta em real e importa em dólar”, afirma.

Questionado sobre a falta de diesel nas bombas, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo no Estado (Sindiposto),  Márcio Andrade, reconheceu que faltou o óleo esporadicamente há algumas semanas. “Nada que afetasse o atendimento ao consumidor. Acredito que não teremos uma falta generalizada de diesel. Creio mais em faltas pontuais. Acho que o consumidor não ficará sem produto, embora até o momento não tenha reflexo nos postos”, diz.

Além de PPI, a categoria discutirá outras 14 pautas de reivindicações, incluindo o julgamento da constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da Lei Piso Mínimo de Frete e o retorno da aposentadoria especial após 25 anos de contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).  Por lei, o piso deve levar em conta fatores como os custos referentes ao óleo diesel, pedágios e especificidades das cargas.

O governo federal começa a estudar a possibilidade de racionar o diesel para driblar a falta do óleo, que pode começar a ocorrer a partir deste mês. A ideia é priorizar o abastecimento de veículos que prestam serviços essenciais, como ambulâncias e transporte de grãos.

A  escassez prevista está relacionada a problemas internacionais, a exemplo das sanções econômicas à Rússia em decorrência da guerra com a Ucrânia e risco de fechamento temporário de refinarias nos Estados Unidos e Caribe por causa do início da temporada de furacões.

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