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‘Pau de mendigo’ estimulante sexual tem venda e fabricação suspensas

Lançado há duas semanas, o estimulante sexual “Pau de mendigo”, que tinha como garoto-propaganda o ex-sem-teto Givaldo Alves, teve a fabricação e venda suspensos. A comercialização do produto está sob investigação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por não possuir registro no órgão.

A empresa fabricante, a AeG Produtos Naturais LTDA, com sede em Governador Valadares (MG), também não possui autorização de funcionamento. Em nota, a Anvisa confirmou ao Estado de Minas que o estimulante sexual não consta no banco de dados da agência e que a empresa também não tem autorização para comercializar o produto.

“Foi aberto dossiê de investigação pela Agência para a investigação da prática de infrações sanitárias, nos termos do Inciso IV, do Art. 10 da Lei 6.437/77, pela venda de medicamento sem registro, por pessoa/empresa sem licença ou autorização do órgão sanitário”, informou a Anvisa.

Em meio à investigação, a AeG retirou do site a venda do estimulante sexual, que prometia resultados mirabolantes e duvidosos. Na página, aparece agora um comunicado informando que a empresa desistiu do lançamento.

“O produto pau de mendigo nem se quer (sic) teve sua produção iniciada e nem vendas pelas empresas parceiras, e mesmo se tivessem reafirmamos que o produto pau de mendigo é isento de registro na Anvisa conforme o RDC 18/2020, sendo apenas comunicado a inteção (sic) de produção”, informa trecho da mensagem.

A Anvisa,  no entanto, desmentiu a informação. Segundo a agência, a dispensa de registro não se aplica a esse tipo de produto, que deve ser enquadrado no rol de medicamentos. “Verifica-se que o produto faz alegações terapêuticas (como, por exemplo, efeitos sobre a disfunção erétil) e, portanto, é obrigatório o enquadramento como medicamento conforme Art. 4 da Lei 5.991/1973”, explica o órgão.

O estimulante foi “inspirado” em Givaldo Alves, de 48 anos, que virou celebridade após ser flagrado fazendo sexo com uma mulher, no Distrito Federal, em março de 2022. Depois do episódio, o ‘mendigo de Planaltina’, como Givaldo ficou conhecido, passou a frequentar boates, onde posava para foto cercado de mulheres, e foi elevado ao posto de ícone sexual pelos milhares de seguidores que ganhou nas redes sociais.

E foi nessa fama de pegador do “mendigão”, apelido que o próprio Givaldo se apresenta para seus seguidores, que a  AeG Produtos Naturais Ltda resolveu apostar.

Em 17 de abril, 33 dias antes de o Estado de Minasrevelar que o “Mendigo de Planaltina” tinha sido preso em 2004 por extorsão mediante sequestro, a empresa fechou um contrato de publicidade. O documento garantia direito a uso exclusivo da imagem do influenciador digital para os produtos ‘’Pau de Mendigo’’, ‘’Arte de Sedução do Mendigo’’, Super Mendigo Gel e similares. O EM teve acesso ao documento, que detalha a negociação. 

O contrato foi registrado em Belo Horizonte, em 19 de abril de 2022. Aparece como contratante empresa fabricante a AeG Produtos Naturais LTDA, representada por três empresários de BH.

Givaldo recebeu R$ 30 mil para ser o garoto-propaganda da linha de produtos cancelados antes mesmo do lançamento. NesSe valor estavam inclusos a gravação de vídeos e fotos publicitários, de acordo com a necessidade da contratante. O valor foi dividido em três vezes, respeitando as etapas da concretização do negócio.

O cronograma apresentado no documento diz que a primeira parcela, de R$ 10 mil, foi paga na assinatura do contrato. A segunda prestação, também de R$ 10 mil, seria paga em 21 de abril, “um dia antes do lançamento de um dos produtos (Pau de Mendigo)”, como descreve o contrato.

A última seria quitada em 28 de abril, “um dia antes do lançamento do produto digital (Arte de Sedução do Mendigo)”. O acordo ainda definia mais 30% de comissão por cada venda gerada nas plataformas digitais de comércio.

O cronograma de lançamento dos produtos atrasou. Em 11 de junho, quando o ‘Pau de mendigo’ foi lançado, a fama de Givaldo já era outra. Em 20 de maio, o EM revelou que o homem tem passagem pela polícia de São Paulo e chegou a ficar preso por oito anos.

Givaldo foi preso em flagrante em 2004 por participar de um sequestro que teve um bebê amordaçado. A informação ganhou repercussão nacional. Ele cumpriu pena em regime fechado até 2013, quando conseguiu uma revisão criminal, com redução de pena, e foi solto.

Em vídeo publicado em seu perfil no Instagram em 26 de maio, Givaldo aparece chorando e diz que sofre perseguição da “mídia” e que “desistiu”, sem especificar exatamente se é da carreira de influenciador digital ou do posto de garoto-propaganda do estimulante sexual. “Não aguentei a pressão, as falsas acusações, a difamação, a calúnia, a maldade, a perversidade. Nem na rua me sentia tão perseguido”, disse.

Fonte EM

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