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Israel nega ter feito acordo com Hamas, e cessar-fogo afunda mais uma vez

O governo de Israel negou nesta segunda-feira (6) ter feito um acordo com o Hamas para uma nova trégua na guerra que devasta a Faixa de Gaza. Ao mesmo tempo, militares israelenses reiteraram que continuam os preparativos para a alardeada invasão terrestre na cidade de Rafah. Horas antes, a facção terrorista havia dito que aceitava os termos de uma proposta e que o cessar-fogo só dependia de Tel Aviv. As negociações são mediadas por autoridades do QatarEgito e Estados Unidos. Caso fosse implementada, a trégua seria a primeira desde a pausa de uma semana nos combates que ocorreu em novembro. Desde então, acumulam-se tentativas fracassadas para interromper novamente os combates, libertar outros reféns e permitir a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza.

Khalil Al-Hayya, vice-chefe do Hamas no território palestino, disse à rede qatari Al Jazeera que o grupo aceitou uma proposta de trégua divida em três fases, cada uma delas com 42 dias de duração. Ele não divulgou, porém, detalhes do acordo ou das etapas. À agência de notícias AFP um dos líderes da facção disse apenas que agora “a bola está no campo” de Israel.

Mas autoridades israelenses desmentiram o acordo. À Reuters um funcionário do governo afirmou que a proposta inclui medidas de longo prazo que Tel Aviv não poderia aceitar. Ele afirmou também que as declarações parecem ser um estratagema para responsabilizar Israel pelos fracassos nos diálogos. O plano anunciado pelo Hamas ainda seria diferente do que vinha sendo trabalhado por Israel. Ainda assim, autoridades de Tel Aviv chegaram a examinar a proposta, segundo a agência Associated Press.

O anúncio do grupo terrorista ocorreu horas depois de os militares israelenses terem ordenado o esvaziamento de uma área de Rafah, cidade no sul do território palestino hoje superlotada de pessoas forçadas a se deslocar na guerra —cerca de metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza estão no local. De acordo com Exército de Israel, os pedidos para que as pessoas saiam da região fazem parte de um preparativos para a alardeada ofensiva terrestre de Israel na área.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, vem fazendo promessas reiteradas de invadir Rafah a despeito do temor manifestado por líderes globais de que a ação iria aprofundar a crise humanitária no conflito. Segundo o premiê, a ação é necessária para eliminar os últimos redutos da facção terrorista. Após o anúncio da facção de que a proposta havia sido aceita, vários civis foram às ruas de cidades palestinas para comemorar. Antes, Izzat al-Rashiq, um oficial do Hamas, afirmou que qualquer ação israelense em Rafah colocaria as negociações de trégua em risco, o que aumentou as preocupações de que as conversas para cessar-fogo que ocorrem em Cairo tivessem sido paralisadas.

Segundo a Casa Branca, o presidente Joe Biden conversou com Netanyahu por telefone sobre o cessar-fogo. Os Estados Unidos, maiores aliados de Israel, disseram que também estavam avaliando a resposta do Hamas e reforçaram pedidos para que Tel Aviv não ataque Rafah. “Continuamos acreditando que um acordo sobre os reféns é o mais benéfico para o povo israelense e o povo palestino”, afirmou Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado americano.

No fim de novembro, um acordo mediado pelos mesmos atores permitiu um cessar-fogo de sete dias, nos quais 240 prisioneiros palestinos sem julgamento definitivo foram libertados, enquanto cerca de cem reféns feitos pelo Hamas no mega-atentado deixaram o cativeiro. Quase sete meses após o início da guerra, cerca de 130 pessoas sequestradas por terroristas em outubro continuam em Gaza. Antes do início das conversas atuais, havia algum otimismo. No entanto, o diálogo tem tropeçado na demanda do Hamas por um compromisso de encerrar a ofensiva. Israel insiste que, após qualquer cessar-fogo, retomaria as operações destinadas a desarmar e desmantelar a facção.

Um funcionário israelense sinalizou que a posição central de Tel Aviv permanece inalterada, afirmando que, em nenhuma hipótese, concordaria em encerrar a guerra por um acordo para libertar reféns.

Um funcionário do Hamas, que pediu para não ser identificado, também disse que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, dificulta os esforços para que um acordo seja alcançado, devido a interesses pessoais. Israel também acusou o Hamas de obstruir as negociações.

A guerra começou depois que o Hamas surpreendeu Israel com um ataque terrorista sem precedentes em 7 de outubro, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 252 reféns foram feitos, de acordo com contagens israelenses. Desde então, a resposta militar de Tel Aviv já matou quase 35 mil palestinos, e mais de 77 mil ficaram feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

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