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Em Anápolis influencer zomba de vaga reservada a autistas em estacionamento

 Uma maquiadora e influencer de Anápolis (GO) provocou revolta na internet depois de debochar de vagas exclusivas para autistas criadas no estacionamento de um shopping no Jardim Goiás, região sul da capital goiana. No mesmo vídeo que gravou ao chegar ao local e publicou nas redes sociais, Lari Rosa também zombou de “gordo estressado” e “veado”.

Lari Rosa gravou o vídeo assim que viu as sinalizações horizontal e vertical para as vagas no local. Ela estava no banco do passageiro de um carro dirigido pela sua mãe, a professora de etiqueta Vania Heringer Rosa, que tentou conter os comentários da filha, mas sem êxito.

“Fica quieta, Vania. Gente, olha isso aqui. Agora, tem vaga exclusiva, vaga exclusiva, para autista. Cara, o mundo está muito difícil. Quero saber quando vai ter vaga para gordo estressado”, disse ela, em tom de deboche.

“Qual o problema do autista?”, perguntou a mãe de Lari Rosa, em seguida, para a filha, que respondeu: “Não tenho nenhum problema com autista. Achava até que era vaga para veado. Meu Deus, era só o que me faltava. Vaga, para mim, nunca tem”.

Ao sair do shopping, Lari Rosa gravou novo vídeo, mas, desta vez, apenas a mãe dela comentou. “Eu vou lá na prefeitura. Estou saindo com ela da loja. Então, a gente vai ver se consegue uma vaga para gordo estressado. Quem sabe”, disse Vania, enquanto a influencer sorria.

“Desculpa mesmo”

Após a repercussão negativa, mãe e filha gravaram novos vídeos, separadamente, para pedir desculpas. “Gente. Nossa Senhora, desculpa, mas é desculpa mesmo. Eu fiz uma piada muito ruim. Postei nos melhores amigos. Meus melhores amigos têm 18 pessoas, gente. Então, nem filtrei o que eu estava falando, mas não foi assim como coisa em que realmente acredito, que pensei para falar”, disse Lari Rosa.

Lari Rosa continuou o pedido de desculpas no vídeo. “Não é isso que eu queria. Uma brincadeira, gente. Muito ruim. Péssima. Horrível. É como se estivesse sentada na mesa da cozinha. Então, não estava pensando no que eu estava falando, se tinha alguém envolvido. Nunca falaria isso politicamente”, afirmou.

“Infeliz”

Em outro vídeo, a mãe de Lari Rosa também pediu desculpas, chorando, e reconheceu que a filha fez “uma abordagem infeliz em relação aos autistas”. “O conteúdo desse vídeo foi bastante infeliz e não reflete absolutamente nada a minha maneira de pensar ou minha maneira como eduquei meus filhos. No entanto, o vídeo é um fato, e a minha atitude é de reconhecer a inadequação dele e pedir sinceramente desculpas”, afirmou.

Vania também prosseguiu, no vídeo, reforçando o pedido de perdão. “Acredito que o ser humano seja sujeito a falhas, mas acredito também que devemos ter maturidade e humildade para reconhecer nossos erros. Acredito também que a humanidade é de seres imperfeitos e que, através do amor, exercem o perdão. Eu peço que me perdoem”, acentuou.

“Muito ferida”

O vídeo provocou revolta nas redes sociais e indignação entre diversas famílias de pessoas autistas. A pensionista Jéssica Coelho Borges Escobar, de 29 anos, mãe de um garoto de 5 anos com autista, disse ao Metrópoles que se sentiu “muito ferida” ao ver as declarações de Lari Rosa no vídeo.

“Na hora, eu vi e fiquei com mistura de raiva e choro. É uma luta tão grande para a gente conseguir direitos para nossos filhos, como questão de vaga, prioridade na fila. Tenho um filho que não fala. É averbal. A espera para é uma coisa que o deixa muito agitado. Ela está ali [no vídeo] também debochando de veado, gordo. Fiquei indignada”, disse Jéssica.

Mesmo com o pedido de desculpas da influenciadora, Jéssica destacou que as declarações de Lari Rosa configuram “preconceito”. “Não é falta de informação. É algo de que se fala todos os dias. Temos várias pessoas famosas que tem filhos autistas. Ela não sabe como é uma família que tem filho autista. Fazer chacota disso tem que viralizar mesmo, serve de exemplo. Ela fez isso e tem milhões de pessoas que fazem, mas não por falta de informações”, reforçou.

“Luta grande”

O psicólogo mestre Lucas Landin, especialista na área e atuante com pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ressaltou ao portal que as pessoas com deficiência devem ter seus direitos respeitados, e não se deve acrescentar barreiras nas vidas delas. “Cada conquista é fruto de muita luta”, asseverou.

“Quando uma pessoa com autismo tem direito a uma vaga de estacionamento exclusiva foi porque a luta anterior foi muito grande. Isso tudo é baseado nas dificuldades que essas pessoas e suas famílias enfrentam no dia a dia. Dificuldades muitas vezes com um tempo de espera, alterações sensoriais, desregulação comportamental e que podem fazer parte da vida dessas pessoas”, ponderou Landin.

“Punições cabíveis”

De acordo com o psicólogo, a conduta de Lari Rosa deve ser apurada pelo sistema de Justiça, através dos órgãos competentes, já que, segundo ele, o comportamento dela “fere os direitos e as conquistas de todos que estão nessa luta há um bom tempo e a dignidade e não deve ser aceito de maneira nenhuma por todos”.

“Se faz necessário as punições cabíveis e, também, a continuação do trabalho de conscientização, para que a cada dia mais as pessoas não repitam esse tipo de comportamento”, afirmou Landin. O caso deverá ser investigado pela Polícia Civil de Goiás.

O shopping center informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai se manifestar sobre o caso.

Fonte Metrópoles.

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