Arqueólogos israelenses descobriram dezenas de fragmentos de pergaminhos manuscritos com textos bíblicos datados de pelo menos 2.000 anos atrás. Os achados, preservados pelo ar quente e seco do deserto da Judeia, incluem ainda um esqueleto parcialmente mumificado de uma criança (estimado em mais de 6.000 anos) e uma cesta de artesanato elaborado praticamente intacta que os arqueólogos afirmam ter mais de 10,5 mil anos.
Segundo o anúncio feito pela Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) nesta terça-feira (16), as relíquias foram encontradas durante um levantamento em uma área de aproximadamente 100 km próxima do Mar Morto. Os pergaminhos são como uma nova peça de quebra-cabeça de um conjunto maior de textos milenares que foi descoberto entre as décadas de 1940 e 1950 na mesma região. A coleção, que ficou conhecida como Manuscritos do Mar Morto, forneceu aos arqueólogos e historiadores uma espécie de retrato da sociedade e religião judaicas de muito antes até algum tempo depois da época de Jesus.
Os “novos” manuscritos foram encontrados enrolados na Caverna do Horror, que fica a cerca de 80 metros abaixo do topo de um penhasco. Segundo a AAI, o local é “ladeado por desfiladeiros e só pode ser acessada com [equipamentos de] rapel”. A partir dos fragmentos dos pergaminhos, a equipe de arqueólogos conseguiu reconstruir até agora 11 linhas do texto, escrito em grego. Os trechos identificados correspondem a passagens bíblicas dos livros de Zacarias e Naum, que fazem parte de um conjunto conhecido como “profetas menores”.
“Estas são as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas”, dizem os versículo 16 e 17 do capítulo 8 do livro de Zacarias, identificados nos pergaminhos. “E nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ameis o juramento falso; porque todas estas são coisas que eu odeio, diz o Senhor.”
A outra passagem está no capítulo 1 do livro de Naum, versículos 5 e 6. “Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença; e o mundo, e todos os que nele habitam”. “Quem parará diante do seu furor, e quem persistirá diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derrubadas”, continua o texto bíblico.
Outra das descobertas anunciadas nesta terça é o esqueleto de uma criança que, de acordo com as análises, tem mais de 6.000 anos. De acordo com o jornal Times of Israel, pesquisadores da Universidade de Tel Aviv estimaram, com base se uma tomografia computadorizada, que a criança tinha entre 6 e 12 anos de idade quando morreu. A partir das condições onde o esqueleto foi encontrado, os arqueólogos concluíram que a criança, encontrada em posição fetal em um poço raso cavado sob duas pedras, foi cuidadosamente envolta em um tecido por alguém.
“Ficou óbvio que quem enterrou a criança a envolveu [com o tecido] e empurrou as pontas do pano por baixo dela, assim como um pai cobre seu filho com um cobertor”, disse o arqueólogo Ronit Lupu, da AAI. As condições áridas da caverna, segundo ele, fizeram que a criança fosse naturalmente mumificada, de modo que o tecido, o cabelo e até mesmo pele e tendões foram preservados.
A terceira descoberta, um cesto datado de mais de 10,5 mil anos, foi classificado pela AII como um objeto “atualmente incomparável no mundo inteiro”. A estimativa da idade do objeto foi feita por meio do elemento carbono-14 e o situa no tempo no período Neolítico, pelo menos mil anos antes dos primeiros usos conhecidos da cerâmica.
“Pelo que sabemos, esta é a cesta mais antiga do mundo que foi encontrada completamente intacta e sua importância é, portanto, imensa”, disse a AAI, por meio de um comunicado. O enorme recipiente, com volume estimado entre 90 e 100 litros, foi feito a partir de material vegetal trançado. Infelizmente para os arqueólogos, estava vazio, mas a equipe fará análises no solo remanescente dentro do cesto para ajudar a descobrir para que foi usado e o que foi colocado nele.
A partir dos anos 1950, quando foram encontrados os Manuscritos do Mar Morto, uma onda de exploração ilegal se espalhou pela região. Ao longo do tempo, a ambição dos saqueadores e caçadores de relíquias foi esmorecendo, mas voltou a crescer na última década quando novos achados começaram a surgir no mercado clandestino. Desde 2017, a AAI então começou a fazer uma varredura na região do deserto da Judeia para se antecipar aos ladrões de antiguidades. Segundo o Times of Israel, a equipe espera que as descobertas chamem a atenção das autoridades para atrair financiamento à operação que pretende continuar em busca de vestígios do passado.
Fonte Folhapress
Acesse este link para entrar no grupo do WhatsApp: https://chat.whatsapp.com/DMylAjtICkv99Lcpufeo9O
Acesse este link para entrar no meu grupo do WhatsApp: https://chat.whatsapp.com/EkR902LV0KS3TzTEMeox49