Em novo avanço da dengue, o país já soma ao menos 322 mil casos da doença, de acordo com novo balanço do Ministério da Saúde. Já a incidência atual de dengue, parâmetro que considera o volume de casos pela população, é de 154,5 casos por 100 mil habitantes, tida como moderada. Os dados, que contabilizam atendimentos até 30 de março, representam um aumento de 40% no total de registros em duas semanas -para comparação, em 16 de março, haviam 229 mil casos. Já em relação ao mesmo período do último ano, o crescimento é de 303% –o que indica que, após quase três anos com casos em queda, há uma retomada de um crescimento na transmissão da doença em diferentes regiões do país. Atualmente, a região com maior número de casos da dengue é o Sudeste, com 213 mil casos ou 66% dos registros; seguido do Centro-Oeste, com 56 mil casos. As mesmas regiões também concentram as maiores incidências. Neste sentido, o Centro-Oeste aparece 349 casos a cada 100 mil habitantes, enquanto o Sudeste apresenta 243 casos a cada 100 mil habitantes. Entre os estados, seis apresentam incidências acima do padrão de 300 casos, um dos parâmetros observados por especialistas para apontar a possibilidade de epidemias –embora não o único. As maiores taxas ficam no Tocantins, com 687 casos a cada 100 mil habitantes, e Mato Grosso do Sul, com 519 casos/100 mil habitantes. Em seguida, estão Goiás (479 casos por 100 mil habitantes), Acre (468 casos por 100 mil habitantes), Minas Gerais (388 casos por 100 mil habitantes) e Espírito Santo (304 casos por 100 mil habitantes). Em São Paulo, foram registrados até agora ao menos 115 mil casos de dengue, com incidência de 254 casos a cada 100 mil habitantes, de acordo com o ministério. No mesmo período de 2018, foram 4.647 casos. “Temos uma faixa importante que vai de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo como a principal região de transmissão de dengue”, afirmou nesta segunda o coordenador do programa de dengue do ministério, Rodrigo Said, em evento para atualização do manejo clínico da doença. Segundo ele, o aumento de casos está relacionado à maior circulação no país do subtipo 2 do vírus da dengue -entre quatro possíveis. Dados de análises feitas na rede de saúde mostram que 84% dos casos analisados eram do subtipo 2. Nos últimos anos, o subtipo predominante foi o 1, seguido do 4 em algumas regiões. Frequente em análises no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, o tipo 2 circulou com maior força pela última vez em 2008, o que indica a possibilidade de haver pessoas suscetíveis ao vírus atualmente em circulação. Apesar do avanço nos registros, o total de casos de dengue neste ano ainda é menor em comparação ao último em que houve epidemia –caso de 2016, quando houve 802 mil casos entre janeiro e 30 de março. No mesmo ano, no entanto, o país registrou recorde de casos de dengue. O balanço aponta ainda que, entre janeiro e março, foram registradas 86 mortes pela doença, contra 51 no mesmo período do ano passado. O total de casos em investigação não foi divulgado.
AEDES COM BACTÉRIA
Em meio ao aumento de casos, o Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (15) a ampliação dos testes com mosquitos Aedes aegypti contaminados pela bactéria Wolbachia. O projeto é conduzido pela Fiocruz, em parceria com a pasta. Trata-se de um microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti. Inserida artificialmente em ovos do mosquito, ela acaba por reduzir a capacidade do Aedes de transmitir o vírus da zika, chikungunya e febre amarela. Soltos na natureza, os mosquitos com a Wolbachia se reproduzem e geram Aedes com as mesmas características, o que traz a tendência de que essa população de mosquitos seja predominante e que as epidemias de doenças como a dengue sejam menos frequentes. As primeiras liberações no país de mosquitos contendo Aedes com Wolbachia ocorreram em 2015 no RJ, nos bairros de Jurujuba, em Niterói, e Tubiacanga, na Ilha do Governador. Em 2016 e 2017, a ação foi ampliada para toda a cidade de Niterói e para o Rio de Janeiro. Agora, os testes passarão agora a serem realizados em outras três cidades: Belo Horizonte (MG), Petrolina (PE) e Campo Grande (MS), cidade do atual ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A pasta, porém, afirma que a escolha por Campo Grande ocorreu devido ao fato da cidade enfrentar uma epidemia de dengue neste ano. Segundo o ministério, essa é a última etapa de testes antes da incorporação do método no SUS. O valor a ser investido é de R$ 22 milhões. A nova fase terá início no segundo semestre e terá duração de três anos. De acordo com a pasta, o método é seguro para as pessoas e para o ambiente, pois a Wolbachia vive apenas dentro das células dos insetos. Fonte Mais Goiás