Em meio à acusação de Jorge Luiz Ramos Caiado por participar da morte do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante, o governador Ronaldo Caiado (UB) fez trocas no comando da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO). O coronel Newton Castilho, cujo depoimento ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) provocou a denúncia contra Jorge Caiado, e a esposa dele, foram dispensados dos cargos.
À TV Anhanguera, o Governo de Goiás informou que as mudanças na PM já estavam previstas e alinhadas desde dezembro, sem relação com o assassinato de Fábio Escobar. Uma das mudanças no alto escalão da PM-GO foi a substituição do coronel André Henrique Avelar de Sousa, que vai para a reserva, por Marcelo Granja, o novo comandante-geral. Logo após assumir, Granja assinou a portaria em que Newton Castilho deixa a função de assistente policial militar no Congresso Nacional. Agora, ele passa a trabalhar na Ajudância Geral, no quartel do comando geral em Goiânia, uma função anteriormente exercida por um tenente-coronel, patente inferior a dele.
Na mesma portaria, a coronel Núria Guedes da Paixão e Castilho, esposa de Newton Castilho foi dispensada do cargo de chefe do Comando de Gestão e Finanças da PM e transferida para a 4ª Seção do Estado Maior Estratégico. A portaria não detalhou qual cargo ela irá ocupar, mas ela substitui a função de um tenente-coronel, patente também inferior a dela.
O coronel Karison Ferreira Sobrinho, comandante de Apoio Logístico e Tecnologia da Informação da PM-GO também foi dispensado. A repórter Fabiana Pulcineli, do jornal O Popular, apurou que Karison fez críticas a supostas irregularidades em promoções por ato de bravura. Com as mudanças, ele foi transferido para a função de chefe da Oitava Seção do Estado-Maior Estratégico.
Após as novas nomeações, o subcomandante-geral da PM passa a ser o coronel Ênio José Carlos Hans no lugar do coronel Clives Pereira Sanches, que vai para a Gerência de Ação Integrada do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Na última segunda-feira (25), durante a troca do comando da PM, Ronaldo Caiado falou sobre a mudança no comando da PM.
“Quem é governador do estado sou eu, quem comanda as forças do estado sou eu, Ronaldo Caiado, governador”, falou.
Assessor da Assembleia Legislativa (Alego), Jorge Caiado foi incluído na lista de réus, com base nos depoimentos dos coronéis da PM, Benito Franco, ex-comandante da Rotam e do Coronel Newton Castilho. Na denúncia, o MP-GO afirmou que o Jorge ajudou no planejamento do crime e, para isso, usou o prestígio que tem na Secretaria de Segurança Pública (SSP) e proximidade com policiais militares.
A denúncia argumentou que Caiado era aliado do ex-presidente do Democratas, Carlos César de Toledo, conhecido como Cacai, denunciado como mentor intelectual do crime. A investigação concluiu que Escobar foi assassinado após denunciar desvios de dinheiro na campanha eleitoral de Cacai, em 2018.
Movidos por vingança, Caiado e Cacai teriam se reunido, em fevereiro de 2019, com o Coronel Benito Franco Santos, então comandante da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam). Eles teriam dito que Escobar estaria ameaçando Cacai e que a única forma de resolver seria “só matando”, conforme a denúncia.
Segundo a denúncia, o coronel se recusou a participar da “empreitada” e, então, Caiado e Cacai ainda se reuniram com o ex-chefe da Casa Militar, Coronel Newton Nery Castilho, para buscar apoio para “exterminar Fábio Escobar”. Conforme o documento, Castilho também negou a proposta e declarou que não era “jagunço”.
Apesar das negativas, Caiado e Cacai mantiveram o plano e, para cumpri-lo, aliciaram os policiais militares denunciados como executores do crime, que, segundo a denúncia, após o assassinado do empresário, receberam promoções por “ato de bravura” em confronto policial com resultado morte.
“Se não fosse o traquejo de Jorge e influência com autoridades policiais, Carlos Toledo, por si só, não teria atingido seu desiderato criminoso”, destacou a denúncia. Após a análise, os promotores do MP-GO decidiram denunciar Jorge Luiz Ramos Caiado por homicídio qualificado por motivo torpe e emboscada.
O que diz a defesa de Jorge Caiado?
Em nota, a assessoria jurídica de Jorge Caiado informou que, após o aditamento da denúncia, a defesa enfrentou dificuldades para acessar os elementos de prova, e ressaltou o uso de depoimentos dissidentes e matérias jornalísticas pelo Ministério Público, o que é repudiado por Caiado.
Além disso, a equipe de Jorge Caiado detalhou que adotará todas as medidas legais para sua defesa e pede uma investigação imparcial para identificar os verdadeiros autores do crime, sugerindo que se investigue também as movimentações financeiras dos policiais denunciados (leia nota completa no fim da reportagem).
Nota Jorge Caiado
A assessoria jurídica de Jorge Caiado vem por meio desta nota informar que seu cliente expressa total compromisso com a verdade e manifesta o mais profundo interesse em contribuir para a elucidação dos fatos.
É de suma importância ressaltar que a Defesa de Jorge Caiado, mesmo após o aditamento da Denúncia, enfrentou dificuldades para completo acesso aos elementos de prova produzidos em sigilo pelo Ministério Público e Polícia Civil de Goiás, todavia, amplamente divulgado nas plataformas digitais.
É lamentável e inadmissível que o aditamento da denúncia tenha se baseado unicamente em depoimentos de dois Oficiais Superiores dissidentes da Polícia Militar que manifestaram suas opiniões pessoais sobre a autoria do crime, com conteúdo revanchista.
Destaca-se que o Ministério Público, com carência de técnica processual, tem lastreado seus pedidos em matérias jornalísticas nitidamente de cunho político, conforme anexadas aos autos após o aditamento da denúncia, diversas reportagens protocoladas pelo Parquet no dia 20 de março de 2024.
Jorge Caiado adotará todas as medidas jurídicas disponíveis para sua defesa e esclarece que repudia, veementemente, qualquer tentativa de distorcer os fatos com intenções de macular a realidade.
Espera que a justiça prevaleça mediante uma investigação criteriosa e imparcial. Para tanto, solicita que o Ministério Público de Goiás e a Polícia Civil de Goiás intensifiquem suas investigações com o objetivo de identificar os verdadeiros autores do delito.
Sugerimos que, seguindo a mesma linha de investigação utilizada para aditar a denúncia, que inclui o uso de matérias jornalísticas como fonte de informação, se investigue a origem das vultuosas movimentações financeiras dos policiais denunciados, conforme relatado pelos veículos jornalísticos, com o objetivo de identificar o possível mandante do delito.
Jorge Caiado está à disposição para prestar esclarecimentos adicionais às autoridades sempre que necessário, reafirmando seu compromisso com a fidelidade e com a busca pela justiça.
Fonte g1
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