Um novo desafio, que vem sendo chamado de “quebra-crânios”, está causando preocupação, principalmente, entre profissionais da saúde. Nele, três pessoas ficam lado a lado. Enquanto a do meio (desavisada) salta, os dois das extremidades aplicam uma rasteira, causando sua queda. Diversos vídeos com a nova “brincadeira” estão circulandos na web. Um deles foi gravado há pouco mais de uma semana em um colégio de Caracas, na Venezuela, e se tornou viral. Nas imagens, o menino cai e bate violentamente com a cabeça no chão. Pelo Twitter, o Colégio Santo Tomás Aquino, confirmou que o incidente aconteceu em sua instituição e disse que os estudantes envolvidos e seus representantes foram chamados. “Recentemente, tornou-se viral nas redes sociais, um vídeo de alunos do ensino médio da nossa instituição participando de um jogo o qual supostamente estaria colocando em risco a saúde e integridade física de um dos jovens. Hoje, as partes envolvidas (os alunos com seus respectivos representantes) foram convocadas à direção da escola para iniciar os procedimentos correspondentes, ajustados às disposições legais pertinentes”, escreveram. O colégio não informou o estado de saúde do menino, mas pessoas próximas confirmaram que ele está bem, apesar do forte impacto da batida. Em outro vídeo chocante, aparentemente gravado no Brasil, a pessoa que é derrubada fica desacordada. Há ainda um terceiro que mostra um adolescente supostamente fraturando o braço quando cai, enquanto alguns de seus colegas riem.
RISCOS GRAVES
“Essa brincadeira idiota já chegou aqui. Minha filha me contou que duas amigas iam fazer isso com um coleguinha. Por favor, mostrem para as crianças o perigo que estão correndo”, alertou uma mãe do Rio Grande do Norte, há poucos dias, em suas redes sociais. Médicos de diversas especialidades também compartilham as imagens com o intuito de alertas os pais. “Traumas como esses podem levar a uma hemorragia intracraniana, necessitar de cirurgia de emergência, levar ao coma e até mesmo a morte”, alertou a pediatra Lilian Gonçalves Zaboto em suas redes sociais. “Uma brincadeira que os amigos podem achar engraçado, que não tem nada demais, mas que na verdade pode levar a um traumatismo craniano e até morte! As crianças e adolescentes fazem porque não têm noção do perigo. Cabe a nós passar isso a eles”, afirmou a ginecologista e obstetra Érika Mantelli, em seu Instagram.
De acordo com o ortopedista pediátrico Nei Botter Montenegro, do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital das Clínicas da FMUSP, e vice-presidente do Departamento de Ortopedia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SP-SP), existe uma defesa instintiva do corpo que, quando uma pessoa cai de costas, ela tentar colocar as mãos no solo. “Nesse caso, uma das consequencias é, justamente cair com a palma da mão no chão, ou seja, cair sobre as mãos, e sofrer uma fratura no punho, principalmente na região próxima à placa de crescimento. Dependendo do caso, essa fratura pode necessitar de tratamento cirúrgico”, explica.Segundo o especialista, caso a pessoa não consiga fazer esse amortecimento com as mãos, a queda sobre as costas ou com a cabeça pode gerar um trauma na coluna ou no crânio. “Apesar de a altura não ser grande, a queda pode levar a uma fratura na coluna, principalmente lombar ou toráxica. Se a força for maior, pode resultar em um trauma de crânio, com consequências mais imprevisíveis, ou, ainda, um trauma na coluna cervical, que seria, evidentemente, pior”, afirmou. “A prevenção quanto a isso é informar crianças e adolescentes sobre os riscos de lesões graves, pedindo para que eles não participem dessas brincadeiras”, finalizou.